terça-feira, 8 de maio de 2007

Vamos internacionalizar a Amazonia?




Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o actual
Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que
pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma
insistência nalguns sectores da sociedade americana e
que muito
incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de
um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.
Cristovam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a
internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não
tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a
Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de
tudo o mais que tem importância para a humanidade.

Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada,
internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo
inteiro...

O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a
Amazónia para o
nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas
sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e
subir ou não o seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser
Internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres
humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de
um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado
pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos
deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países
inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de
todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à
França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas
pelo génio humano. Não se pode deixar esse
património cultural, como o
património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto
de um proprietário ou de um país.

Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele,
um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter
sido internacionalizado.

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do
Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em
comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu
acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser
internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a
humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro,
Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história
do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem
internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la
nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais
nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de
usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do
que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm
defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo
em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que
cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não
importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados
do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os
dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um
património da
Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam
estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas,
enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a
Amazónia seja nossa. Só nossa!

Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA
Date: Mon, 21 Mar 2005 19:53:01


Maxismo. Uma arma feminina


Certamente que o título acima enunciado vos parecerá, no mínimo, um tanto ou quanto desconexo. Mas, se se dedicarem a acompanhar o artigo com uma atenta mente critica, poderão eventualmente, concordando ou não, verificar que são temas que estão estreitamente ligados.
Nalgumas sociedades tipicamente machistas acontece que, sob uma capa de domínio masculino, é a mulher que domina e lidera vários sectores de papel fulcral na nossa existência.
Desses aspectos podemos salientar a educação da familia, a gestão do ambiente doméstico (tanto nas suas vertentes práticas como nas mais subjectivas, como o relacionamento conjugal e a educação dos filhos). Muito embora não pareça, até mesmo no mercado de trabalho essa facilidade que lhes é atribuída faz-se sentir.
Antes de prosseguir, convêm definir o que realmente se entende por machismo. Diria que, neste contexto, o machismo é a crença social que determina que o homem é o senhor da casa e deve trabalhar para sustentar e representar a família. Isso vem etabelecer uma sociedade de base totalmente patriarcal. Ora, ser machista tem regras próprias de conduta: um homem não deve chorar; aquele que chora é conhecido popularmente por “pandeleiro”. O homem deve defender a sua honra e a honra dos seus contra qualquer ataque externo, usando, se necessário (e as vezes mesmo quando o não é), a força física. Isso, bem analizado, é claramente uma visão que escraviza o homem à um complexo papel de múltiplos deveres. A obrigação de sustentar, proteger e representar a sua família. Ele tem, portanto, uma conduta própria a seguir e muitas funções a cumprir. E, sendo ele respossável pela familia, toda e qualquer eventual má conduta de cada um dos seus membros é-lhe directa e irreflectidamente atribuída pois ele tem a obrigação (totalmente impossível), de controlar as atitudes de toda a família, garantido que ela se comporte conforme os padrões estabelecidos pela sociedade.
Analisemos portanto as implicações físicas e mentais que esses preceitos assumem no desenvolvimento do homem.
Comecemos, naturalmente (!), pelo início:
Quando, ainda no hospital nasce a inocente criança (e hoje em dia muito antes disso para quase todos), proclamam-se as palavras que marcarão para sempre o destino da criança: “É menino!” ou “É menina!” e então os pais rejubilam e começam imediatamente a construir o mundo daquele novo ser, moldando-o ao “seu papel” ao qual ser-lhe-á quase impossível fugir. Isso porque não falo agora de escolhas proficionais ou amorosas (isso será por ventura matéria de outro artigo). Falo dos valores morais e hábitos comportamentais com os quais somos aculturados desde a mais tenra infância. O papel social desse novo habitante terráqueo cedo é definido. Muitos dos seus sentimentos e comportamentos para com o mesmo sexo e para com o oposto, provêem de moldes já muito usados…
À crianças de diferentes sexos é dado um tratamento diferencial que, desde logo, as distingue nos seus objectivos e funções. Convêm esclarecer que neste artigo falarei sobretudo das diferenciações relativas ao tema e não farei uma avaliação em prol ou contra a mesma.(Para aprofundamento do tema, deverá consultar o artigo que se segue: “Diferenciação. Descriminação ou necessidade?”)
Desde cedo (e prolongando-se até bastante tarde!) a rapariga é continuamente barrada nas “saídas” e, se por ventura é-lhe permitido sair, os seus horarios são sobremaneira mais rígidos do que os masculinos, não apenas dos da mesma faixa etária mas muitas vezes também em relação à rapazes bastante mais novos.
Isso, e o hábito de ver sempre o pai sair mais do que a mãe, cria uma cultura de que o lugar das meninas e mulheres é em casa enquanto que o homem tem muito que fazer na rua (nem que seja enfrascar-se!), e geralmente, na rua, desprotegidos, muitas crianças acabam por ser agredidas. E aqui novamente se mostra a grande diferenciação que se faz: se for uma rapariga a ser agredida e volta a chorar, o pai fará questão absoluta de saber quem foi e de lá ir exercer a sua vingança acompanhado dos demais membros (masculinos) da família. No entanto, se for rapaz, será muito provavelmente criticado por estar a chorar “…pareces uma rapariga! E porque não lhe bateste também? Que sorte a minha… que fiz à Deus para me calhar um filho maricas?!” E, da próxima vez que for agredido, ele lembrar-se-á das repreensões que de que foi alvo e, muito possivelmente, assumirá como suas as máximas do pai e não voltará a levar para casa ofeças do género; “…levei, mas devias ver como o outro gajo ficou!”
Enquanto o rapaz “aprende a ser homem” a rapariga, em casa, aprende os “seus deveres”. Com a mãe aprende a cozinhar, a varrer, passar a roupa, e diversas outras tarefas que são desde há muuuuuuuuito tempo atribuídas à “fada do lar”. Nas horas vagas lê pequenos romances e, em caso de mentes mais curiosas, livros das mais variadas estirpes e, sorrateiramente, desenvolve estratégias para se livrar da vigilância apertada de que é sugeita, desenvolvendo assim agilidade mental enquanto que o homem desenvolve a força física.
Essas aparentes “pequenas coisas” terão uma influência fundamental e determinante no desenvolvimento do método atravéz do qual futuramente abordarão os problemas. A mulher ganhará um hábito de contornar as dificuldades, resolvendo-as calmamente e tendendo a dominar pela subtileza. O homem terá a tendência de querer enfrentar tudo de frente, resolvendo as coisas pela força, sendo mais de acções do que de palavras e usando mais o poder de domínio imediato em detrimento da astúcia e perseverança que fica especialmente reservada às mulheres.
Chega finalmente um belo dia em que esses dois seres, imbuídos de boas intenções, se resolvem unir num relacionamento. Levam com eles as atitudes “de berço” e é aí que começam todos os problemas.
O homem, convencido do seu papel de representante protector, prepara-se activamente para assumir o seu papel de “chefe de família” e a mulher, habituada já aos seus métodos subtis para resolver os problemas, submete-se à um papel passivo deixando que o homem sinta que tem o domínio da situação, mas sem nunca o deixar de influnciar mesmo nas mais pequenas decisões através de pequenas coisas feitas ou ditas (melhor ainda: insinuadas!) no tempo certo.
Apesar das já referidas boas intenções, muitas vezes, essas fortes diferenças no modo de encarar as coisas ou uma falha na interpretação dos papéis que a sociedade nos destina, acabam por causar desavenças conjugais que são, também, encaradas de forma díspar. Em situações mais extremistas a mulher tem uma grande habilidade em agredir verbalmente.
O homem que, enervando-se, e não tendo (por motivos já vistos) o habito/capacidade de responder na mesma moeda, acaba muitas vezes agredindo a companheira. E o que é que acaba então por acontecer? O agressor vai para a prisão enquanto que as múltiplas agressões psicológicas que possam ter tido lugar não serão certamente punidas pois, ao direito só interessam as manifestações exteriores e que possam, como é óbvio, ser minimamente provadas. Há que reparar que as agressões psicologicas, não doendo fisicamente e não deixando provas visíveis aos olhos da lei, sulcam marcas muito profundas e de mais difícil cicatrização pois, não podendo ser tão facilmente diagnosticadas e medicamentedas, causam os danos que só as coisas desconhecidas podem causar. Há que ter em conta que a nossa mente se assemelha muito a um iceberg em que a quantidade de informações que se encontram à superfície (sendo portanto conscientes) é meramente representativa face ao vasto inconsciente (quase totalmente oculto aos olhos da ciência).
Pode-se então dizer que em geral (há que recordar que existem excepções para confirmar todas as regras) as mulheres estão melhor preparadas para se entregar a um relacionamento e, em caso de desavenças, encaram com maior frieza os problemas procurando resolve-los da melhor forma possível (de acordo com os seus interesses, como não deixa de ser óbvio) raramente recorrendo à violência física mas servindo-se muitas vezes de “meios de nuances” sobremaneiramente mais dotados de eficácia e cujo entendimento exige perspicácia. A violência física dói, gera vontade de vingança, pode até matar, mas, psicologicamente, pode-se minar total e irreversívelmente a auto-estima de uma pessoa, ao ponto de não se voltar a erguer.
Ainda ao nível familiar há outros aspectos a ter em conta. Um desses é a educação dos filhos que fica, sobretudo, a cargo da mulher. Ela acaba assim por assumir o papel de figura central na vida das crianças enquanto que o pai perde a melhor parte dessa convivência, sendo sobretudo, uma figura para ser respeitada e não amada. Uma figura distante e que lá se encontra para avaliar o seu comportamento, punindo-os quando necessário (função delegada na maioria das vezes ao “homem da casa”, enquanto a mãe assume o papel de simpatizante com a causa em questão mas sem poderes adjuvantes. As simpatias e valores morais das crianças estarão portanto sob o controlo da mãe.
Efectivamente, muitos homens são francamente dependentes da mulher, tanto ao nível sexual, assumindo ele a posição de quem se encontra à espera, como à nível emocional pois, sendo que são por natureza mais ligados à mãe do que as raparigas, tendem a percorrer a vida adulta procurando uma mulher que lhes dê a mesma atenção e o mesmo carinho pelo qual sempre ansiarão.
Nos aspectos mais práticos do dia-a-dia assumem também muitas vezes, um papel de dependência por não saberem os segredos que mistificam o “cuidar do lar”, tendo dificuldades em gerir as finanças domésticas (as vezes mesmo sendo bons economistas!), cozinhar, ou simplesmente manter uma casa organizada. É muito mais difícil para um homem ser pai solteiro do que para uma mulher. Ele tende a procurar rapidamente uma companhheira que o possa acompanhar na criação dos filhos em caso de viuvez ou se por ventura, em caso de separação, detiver a sua guarda dos filhos (caso muito raro ainda porque a lei actualmente vê a guarda dos filhos como um direito mais afeito à qualidade materna, o que só não acontece em casos de má contuda ou incapacidade por parte da mãe).
Creio que ao nível familiar as minhas palavras foram suficientes e claras e resta agora falar das consequências profissionais que isso acarreta.
É sobejamente conhecido por todos que a grande maioria dos cargos de peso, os mais generosamente pagos, são ocupados por homens. Isso, que parece ser uma vantagem masculina, na verdade não o é (apenas ao nível de uma minoria restrita). Trata-se, pelo contrário, de uma vantagem comparativa para as mulheres por duas razões.
Primeira: O homem, quando dirige, tende a estender a sua vertente protectora (e nao só!) em relação às mulheres mesmo no ambiente de trabalho. Assim, acaba por facilitar o seu acesso ao trabalho dando-lhes mais oportunidades e tendo para com elas uma conduta mais benevolente. As mulheres, pelo contrário, não favorecem nem o sexo masculino nem o feminino. Quando se encontram revestidas do poder de gestão, dão primazia sobretudo, à competência real dos candidatos.
O mercado de trabalho acaba então por tornar-se mais fácil para as mulheres que teem, sem duvida alguma, o tempo de espera por um emprego muito menor (tempo esse que é inversamente proporcional à “beleza” da mulher em questão pois é absolutamente notório que uma mulher bem parecida tem muito da sua vida garantido).
Segunda: as mulheres são preferidas em geral para funções de atendimento (é muito raro encontrar homens importantes com secretários, recepcionistas, assessores, e afins, do sexo masculino. Elas são, em regra, mais aptas que a generalidade dos homens para desempenhar funções em que se tem que lidar directamente com as pessoas. Os homens teem uma maior facilidade em pisar regras de etiqueta e uma notória dificuldade em perceber os sentimentos alheios antes que estes sejam verbalmente espressos e, quando expressos, uma maior dificuldade em lidar com eles. Isso é, no entanto, algumas vezes compensado por uma maior aptidão para as coisas menos subjectivas da vida (temáticas não alvo de interece femenino e nas quais eles se aplicam com maior facilidade).
É de se concluir então que esse facto social que muito tem perturbado as nossas feministas ao logo dos tempos, sendo continuamente agraciado pelos homens, é, na realidade, um factor facilitante da vida femenina, diminuindo-lhe os direitos, mas também os deveres e as responsabilidades, sem, no entanto, lhe retirar o seu eterno poder de governo e influência sobre os homens. O governo da tirania dos sentimentos e subtilezas. Um governo no qual não se usa a força, mas sim uma capacidade duramente aprendida e moldada. Algo que passa de geração em geração, ensinado a cada homem e a cada mulher. Um ciclo iniciado por uma mãe, seguido por uma filha que mais tarde será esposa e finalmente mãe.
Em resumo, um machismo que escraviza os homens e, de certa forma, emancipa as mulheres.

Por: Janice da Graça